Thursday, March 29, 2007

Sobre o Tempo...

A rapidez em que passam os segundos me pressionam, "comprimem-me".
Perco centímetros de altura.
Mas a possibilidade que essa rapidez aumente, me instiga.
Penso querer ficar mais comprimida.
Quero a calmaria.
[Mas não resito. A agitação, a velocidade me seduz]
Imagem:Andrea Costas (Este ensaio vale a pena)

Wednesday, March 28, 2007

Sobre a minha capacidade de ver com os olhos, ouvidos e nariz

Eu, uma A.E. (aluna especial)
Unicamp, Instituto de Artes, barracão de Artes Cênicas. Um prédio muito diferente se comparado com com o belo edifício espelhado do Instiuto de Química. Por lá, tudo é simples, improvisado, encantador.
Por fora, mais um prédio da Unicamp, com as típicas bicicletas dos alunos que se recostam por todo o campus.Por dentro? Um emaranhado de informações, situações, sentimentos.Por entre os corredores-labirintos-estreitos do barracão avisto um pessoal que esperava alguma aula.
Cabeludos, cabeludas de saias indiana,garrafinhas de águas, bichos-grilos de todo tipo. Sempre achei o povo do IA mais colorido, mais cheio de vida. Eram rostos conhecidos de festas, lugares que eu frequento.Me sinto em casa.
O lugar é rico.Sons, sons e mais sons. Delícia. A cada porta, janela, um som diferente chegava aos meus ouvidos.O barulho de pés que ritmavam em uma espécie de tablado. Som de algum instrumento de sopro. Alunos que correm, brincam, ensaiam...não sei. Correm um átras do outro. Risadas, gargalhadas e sorrisos por quem passa por mim.Gritos.Uma "menina-mendiga" mendiga ao sair de uma sala.Um menino-faxineiro empurra um carrinho de supermercado (seria um aluno?). Demais.
Na minha sala, pessoas interessantes que, apesar da minha falta de conhecimento no assunto da aula, me acolhem. São artistas, de alguma forma eles são artistas. E eu sempre achei que os verdadeiros artistas são assim. Acolhem.
Acolhem como me acolheram os significantes e signficados contidos naquele barracão improvidado e embalado pelo ar tranquilo ecoado pelas árvores e bicicletas recostadas esperando que algum aluno a busque.
Com certeza ali, estou tendo muito mais que meras aulas.
Imagem:Cleide Elizeu. Unicamp-Barracão das Artes Cenicas-IA, 2007

Monday, March 19, 2007

"Venezuela, donde estas?...

...Não sei porque nessas esquinas vejo o seu olhar"
Desci as escadas do atellier da minha mãe, pensando somente no barulho que meu estômago fazia. Rua Gal. Osório. Eu sabia que logo à frente, tinha uma barraquinha de Hot Dog que poderia acabar com a sinfônia do meu estômago. Estômago que só tinha sido abastecido às 6 da madruga daquele sábado.
Avenida Francisco Glicério.Olhei para a barraquinha e lembrei que aquele cachoro quente não era do melhores."Que cante o meu estômago", pensei. O sinal abriu pros pedestres, prossegui.
Na outra esquina, uma outra dúvida. Sigo a General Osório, ou viro à direita, na Francisco Glicério? Olhei para os dois lados (lembrei que não ía encontrar nada legal pra comer na Gal. mesmo), sem saber o porquê, segui a Glicério.
Normal. Passos nem rápido, nem lento. Nem grandes, nem pequenos.Nada me incomodava. Nem o fato de estar descabelada, desarrumada, sem nem um batonzinho nos lábios, nada. Arrastava os chinelos pra que meu corpo se arrastasse até minha casa. Naquela tarde quente, que se não fosse os problemas que teimavam em matelar minha caixola, seria agradabilíssima.
Meu olhar se guiava às imagens que apontavam o meu nariz, desprezando os pedestres, as buzinhas dos carros, o som das lojas, o cheiro dos restaurantes e toda a poluição sonora típica do centro de Campinas.Mas, eis que algo me chama atenção.
Cabelos negros, cacheados, soltos, que moviam-se no ritmo daquela caminhada.Dois passos mais e percebo os traços finos, olhos, boca pequena, barba linda. Eu poderia desenhar o perfume que, com certeza, ele exalava . Aquele jeito tranquilo de andar.Quase flutuava.Ele sorriu surpreso.
Era mais uma de nossas coincidências. Aquele caminho, naquele horário, definitivamente não faz parte de nossa rotina.
Meu estômago parou de cantar. Até ele se aproximar, pude meditar. Consegui não pensar em nada.Somente sentir aquela criatura, que abriga e habita boa parte de mim, se aproximar e dizer as palavras que...poxa...indescritíveis.
A tarde mais gostosa. o princípio de um fim de semana delícioso.
Coincidências, surpresas...tô começando a gostar disso.
Imagens:
Título e subtítulo: Canção Noturna-Skank

Wednesday, March 14, 2007

Meu meio-dia (que na verdade se passa por volta das 16hs)

Respirar, ler, purificar
Dou sinal para o "3.32" rumo a PUC.
Sento-me e pego a minha chave.
Mini-bolsinha-chaveiro-lembrança-da-lara.
Desamarro o nozinho de couro.
Um pequeno papel.
Abro. Leio duas, talvez mil vezes.
"Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior"
"Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior"
Já é hora de descer.
Garoa fina, fria. Delícia.
Andar.
H04, seu Rey, menino toca violão, Jú canta.
Está tudo bem.
Eu estou bem, meu bem.
Imagem:Cleide Elizeu.Show O Teatro Mágico, 2006.